Opinião: Em Defesa do Cachê

Por Aleckson Marcos
A recente decisão de J. Neto de suspender a cobrança de cachê às igrejas gerou um reboliço na grande rede e reacendeu o debate  sobre cobrar ou não cobrar para cantar, por isso, visando esclarecer o debate, resolvi fazer minhas considerações sobre esse tema tão espinhoso.
Qualquer um que queira compreender a lógica por trás da cobrança de cachê por parte de cantores evangélicos precisa entender o seguinte: todo cantor é um artista e todo artista é um profissional que, por fim, é um ser humano que tem família, contas a pagar e sonhos a realizar. Se ele é um artista, então produz arte e para isso precisa de dinheiro. Apenas essas duas considerações esclarecem por que é honesto e lícito “cobrar para cantar”. Mesmo os cantores gospel que se recusam serem chamados de artistas, o são pelo simples fato de produzirem arte: a música.
A alegação de que “se o cantor vende o CD, logo não pode cobrar cachê” é infundada, pois qual o artista vive de vender CD’s hoje? Venda de discos já deu lucro para artistas, mesmo que não tenha sido esse dinheirão todo que comumente se pensa, pois os que mais lucravam eram os donos das gravadoras.
A alegação mais comum de que quem cobra cachê está comercializando a Palavra de Deus também é infundada, pois o que está sendo vendido é música (um produto, não se esqueça) e música NÃO É A PALAVRA DE DEUS! O máximo que a música pode ser é “consideração acerca da Palavra de Deus” assim como são os livros, revistas de EBD, camisas e a própria Teologia.
Ora, se se paga para participar de seminários, se se paga para assistir 44 horas de uma conferência teológica, por que pagar um cantor para cantar torna-se o 8º pecado capital?
Se você é daqueles que se opõe ao pedido de cachê, mas vive exigindo qualidade musical de seu artista ao estilo do Roupa Nova, por exemplo, precisa entender que seu artista, se não tiver contrato com gravadora e atuar de modo independente, precisa pagar baterista, tecladista, guitarrista, compositor, studio e etc., etc. e etc. Isso mostra que lançar um disco com a qualidade mínima não é e nunca foi baratinho.
Outras considerações devem ser feitas:
a igreja que retira o dinheiro dos dízimos para cumprir com o cachê não parece-me sensato;
a igreja que contratar um artista, tendo acordado o seu cachê, jamais deve penalizar a ajuda aos pobres e necessitados, especialmente os da própria igreja;
a igreja que não puder agendar um artista, não agende-o;
e o artista que use do bom senso para não explorar o último centavo do caixa da igreja!

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