“O Nome Dela é Jenifer” e o Emburrecimento Coletivo
Quem tem olhos, vê quase tudo o que quer. Quem tem ouvidos, ouve o que quer e o que não quer, inclusive “O Nome Dela é Jenifer”, o novo hit que alguns preferem chamar de música.
No ano passado, reli um livro de Nancy Pearcey que afirma, baseado em perquisas, a cultura pop trazer danos ao cérebro, inclusive a capacidade cognitiva. E isso é verdade! Normalmente, essas canções não estimulam à reflexão e nem evocam os sentimentos nobres, mas apenas à ‘sensações’.
Outra prova disso é que o hit “O Nome Dela é Jenifer”, segundo o Fantástico, foi composta – pasmem – por 8 pessoas! 8 cabeças pensaram tanto, e saiu isso! Quando lembro que Renato Russo, sozinho, em uma única noite, escreveu “Faroeste Caboclo” com 168 versos, mais de 9 minutos e com uma letra divinal, vejo com muita tristeza que a degeneração cognitiva da minha geração é uma prévia do ambiente insuportável que será este mundo daqui a 30 anos.
A gente critica boa parte das canções evangélicas de hoje pelo mesmo problema de conteúdo e o apelo apenas às sensações, porém, convenhamos, o pior hit gospel ainda é melhor que o melhor hit pop do momento.
Engana-se quem pensa que o vírus só atinge adolescentes. Ontem, na mesma reportagem do Fantástico, uma advogada justifcou o porquê gosta da música: “é uma letra fácil de pegar e a batida é muito boa”. Tá explicado! É o apelo às sensações que define o apreço ao que chamam de música. Se apelam às sensações, obviamente que não mandam nenhuma mensagem de alerta para o cérebro e mesmo que mande, de que adiantará? Afinal, se a capacidade de raciocinar é comprometida, pouco importa a mínima sofisticação da letra, já que o cérebro é incapaz de fazer também o mínimo de esforço para compreender a fineza das canções de João Alexandre ou um Zé Ramalho, por exemplo.
Infelizmente, não existe o botãozinho ‘on’ / ‘off’ no ouvido e temos que aturar isso na rua, na casa do vizinho, e etc. Também não existe na cabeça de ninguém a opção ‘formatar’. Aí, temos que aturar e pedir a Deus pelo milagre da boa convivência.