O Início do Movimento Gospel
Nas matérias anteriores, a história de uma das igrejas revolucionárias em São Paulo, vimos que houve uma “quebra de protocolo” no comportamento e as bandas começaram a surgir, ainda que com certa resistência de alguns pastores, acostumados a hinos tradicionais cantados por Vitorino Silva, Luiz de Carvalho, Antonio Bicudo, entre tantos desbravadores da musica cristã, ou como os inesquecíveis Vencedores por Cristo e Grupo Elo. Alguns começam olhar a música cristã como uma arma poderosa para o evangelismo.
Eu, como comunicador de rádio e amante das décadas 80/90, amo as músicas dessa época. Portanto te convido a vir comigo nesta viagem para o início do movimento gospel em São Paulo.
Como disse um pensador, “quem não olha para o passado, está fadado a não ter futuro.” No final dos anos 80, a rota noturna paulistana com certeza tinha em seu itinerário os shows na boate Dama Xoc, um local de 1500 m², para cerca de 1500 pessoas, com um palco com cerca de 180m, a casa localizada em Pinheiros na Rua Butantã, zona oeste de São Paulo, inaugurada com um show do Barão Vermelho, e muitas bandas do rock nacional passaram por lá.
Um empresário com visão de Marketing e negócios, membro da Igreja Nova Vida, chamado Antonio Carlos Abbud, vendo a frequência dessa Casa de Show, resolveu aluga-la às terças feiras, para eventos evangelísticos, com uma proposta diferenciada e evangelística.
Com essa excelente estratégia, usa o nome gospel (Palavra de Deus/Evangelho), ainda desconhecido até então no Brasil, para atrair principalmente seu público habitual, e então surge a Terça Gospel.
Mesmo já existindo igrejas como Cristo Salva, Pedra Viva, Renascer em Cristo, que tinham essa visão, Abbud traz ao público em geral algo totalmente diferente que trazia bandas evangélicas que cantavam músicas feitas para adoração na igreja, como também muitas outras músicas com letras arrojadas, e ritmos dançantes direcionadas aos jovens que não conheciam a Cristo, principalmente aquelas que tinham uma idéia negativa da igreja e suas músicas.
A casa abria as 19h30 com clips nacionais e internacionais e as 21h entravam bandas como: Resgate, que tem letras, como “se você pensa que o meu Deus ainda está pregado, como um símbolo morto de uma morta geração, oh não, você se enganou. Se você pensa que meu Deus voltou para casa cansado pra descansar sentado e nunca mais voltar, oh não. Errou outra vez...” (Ele vem – Zé Bruno) ou Oficina G3 com “…de tapar o erro de não crer de que você precisa de Deus. Um só caminho, uma só fé, uma verdade, Jesus é o refúgio nessa imensa tempestade” (Razão -Tulio Regis) e ainda Banda Rara cantando “…tudo o que não tinha mais razão e nem me trazia satisfação, agora a você eu faço um convite que nesse Deus você acredite, muitos problemas vem na certa, mas com Jesus Cristo vai tirar de letra nEle você ainda pode confiar Cristo é uma parada Ele vai te ajudar…” (Hip Hop – Maurílio Santos/Jeziel Liasch). Entre as bandas convidadas, aínda tinham nomes como: Katsbarnea, Troad, Milad, Complexo J, Apocalipse ...
Nesses encontros algumas bandas começaram a ver que existiam outros “malucos” como eles no RJ, DF, BH, e outros estados. Existiam outros que também faziam músicas para falar de Deus para todas as pessoas; canções e mensagens com linguajar popular, evangelística e missionária, e o intercâmbio começou a acontecer. Então o nome gospel começou a ser usado por outros produtores como George Hamilton Saguia, que ajuda o Pr. Natinha a fazer o lançamento do LP Humanidade, no Olympia, o qual em novembro de 1991 leva para o Palace (Citibank Hall), a casa localizada na Alameda dos Jamaris, em Moema, no Gospel Nights, que movimentou uma galera na sexta-feira com Banda Rara, e no sábado com Oficina G3, entre outras novidades.
Logo o termo gospel chega a mais igrejas, rádio, lojas, gravadoras, etc. Hoje, já não é mais um movimento, e sim um mercado gigantesco, se bom ou ruim, você pode nos dizer nos comentários logo abaixo da matéria.
Um abraço e até a próxima.
Praise the Lord
Fábio L. Fonseca
Maravilha, entender fatos , nomes e cronogramas são muito importantes para conhecer os registros da revolução da música evangélica em São Paulo nos anos 90
Parabéns
Que maravilha! São fatos importantíssimos que não podiam passar em branco, acredito até que o movimento musical Brasileiro deveria estar presente nos seminários teológicos, mesmo que fosse complementar. Para que os novos obreiros e pastores possam valorizar os músicos de suas igrejas. Parabéns Fábio!