É difícil adorar
Você sabe que adorar não é fácil? Verdade! Não é fácil adorar.
Em um tempo em que, tudo o que se faz precisa ser sem maiores dificuldades, tudo o que se quer obter, busca-se antes a facilidade, sem muito esforço, sem obstáculos, adorar não é de forma alguma, algo que se deixa fazer, como aquela cançãozinha que reza “fácil extremamente fácil pra você… (Jota Quest), muito ao contrário, adorar é até ímprobo, trabalhoso, custoso, difícil.
Explico: adorar é uma tarefa de grande vulto e nós, seres pobres humanos, não gozamos de uma disposição natural para fazê-lo, não temos aptidão ou mesmo um dom interno que nos faça cumprir tal tarefa que, como demonstração de perícia, técnica, destreza e prontidão só se acha nos anjos, arcanjos, nos querubins e nos serafins. Não em nós.
A dificuldade já aparece quando queremos transformar a adoração em um meio ou meios para se conseguir algo que desejamos ou mesmo precisamos, um meio para se conseguir chegar a um fim. Logo, esta adoração será leviana, sem sinceridade, sem seriedade e logo inconstante.
Além do que, uma adoração fácil seria uma adoração sem profundidade, banal. Por isso mesmo, Davi entendeu, e lemos seu testemunho em primeira Crônicas 21 verso 24, que não poderia dar ao Senhor algo que não lhe custasse nada, apesar de Araúna querer lhe facilitar o sacrifício e a oferta a Deus.
A adoração tem um custo, ela é penosa, trabalhosa e árdua, além de estar cercada de sérias dificuldades, obstáculos de dentro e obstáculos de fora que são oposições a adoração. Situações que vem para impedir a realização dela.
É comum, sermos levados à adoração. Porque os pregadores usam de jargões, essa linguagem viciada, disparatada tais como “levante a mão”, ou “dê um glória”! Por que tantas frases aprendidas e repetidas por incultos nos púlpitos das igrejas, como “posso ouvir um glória”? Porque não é fácil adorar e, precisamos logo entender que adoração nos custa, e o próprio adorador deve pagar o preço e não simplesmente seguirmos ordens de comando.
A expressão de Davi como adorador, pagando pelo que iria dar ao Senhor, respondendo “não darei ao senhor algo que não me custe nada”, está dizendo na sua forma mais simples que ele não deseja dar ao Senhor algo que não seja seu. Ele afirma: — caro Araúna, vou dar ao Senhor algo que seja só meu! Que eu tenha pago e adquirido.
Na adoração você dá o que é seu e eu como pregador, ofereço o que é meu por direito. Cada um faz a sua oferta de adoração.
Porque? Porque adoração é pessoalidade, é temperamento em sua mais intima forma de agir. Ela, a adoração, é resultado de uma mistura equilibrada de coisas pessoais e sua justa proporção! Logo, não deveríamos incitar a adoração no outro, não devemos provocá-la no outro se não em nós mesmos. Mas os modernos pregadores o fazem porque sabem que não haverá adoração se não a provocarem e esta, para eles, é resposta ao seu desempenho junto à plateia. Mas eles sabem que adorar não é fácil.
Adorar é tão difícil, mas tão difícil que em João 5-23 lemos que o Senhor procura por eles. Convenhamos que, se fosse fácil adorar, o Senhor não estaria procurando adoradores.
O texto de João completa dizendo que a busca é por adoradores que o adorem em espirito e em verdade.
Isto nos deixa claro que há a adoração facilitada, aquela sem vontade, sem, inteligência, sem princípio vital, a rasa que adora pôr um meio e um final. Se ele busca os adoradores que o adorem em verdade, é porque está fácil encontrar os que o adoram de mentira.
Durante alguns anos, acompanhei meus filhos na escola de natação durante o tempo de suas infâncias. Eles, os dois, gostavam muito de ir para aquelas aulas. Um dia, vindo da aula, vi a alegria no rosto e nas atitudes do meu menor e perguntei-lhe o porque ele gostava tanto da escola de natação. Meu Mateus me respondeu que gostava, porque a professora lhe “ensinava a flutuar e não apenas a nadar”.
Não entendi bem a princípio e passei a observar melhor aquelas aulas através do vidro que me separava da piscina e aprendi o que meu filho me ensinou: o instrutor lhe dizia que quando ele estava na água, esta sustentaria o seu peso, então ele deveria confiar na água.
“Confie na água”, era a lição! Você tem apenas que confiar na água, então deite-se e flutue.
Adorar é flutuar sobre as águas, sobre as dificuldades, sobre o que é custoso, sobre o difícil.
Quando não temos respostas à nossa adoração, é porque o menino ficou em pé na água e retesou os músculos, prendeu a respiração, recusou-se flutuar.
O instrutor do pequeno lhe pergunta: porque? Retesou por que? Não pode confiar na água?
Por Ronaldo Reis
Ronaldo Reis se revela um excelente escritor, já conhecia sua potência na voz e na interpretação, agora lendo seus textos eu vejo que seu talento não limita a música , parabéns, que venham mais textos
Interessante a sua reflexão…