Conheça a História do Conjunto Sonoros

Com 50 anos de estrada, essa é uma banda do tempo em que eram chamadas de “conjunto”. Tinhamos poucos, pois, nos anos 70, ter um conjunto em uma igreja era considerado “moderno demais”, já que remetia a ideia de se espelhar no mundo com seus “Beatles” e “Mutantes”, que povoavam as rádios. Ter um conjunto era parecer com o mundo!

Entretanto, a música evangélica mostrava sinais de que esse pensamento estava prestes a muda. Edison e Telma lançaram o álbum Eu Quero Dar Amor com o conjunto Solene Som que também tinha em sua formação Cenir Silva e Edvaldo Novaes (aquele dos Altos Louvores), com um estilo que lembra muito o som da Jovem Guarda. As canções deste álbum logo fizeram sucesso entre os jovens, mas não era só este, pois havia o conjunto Embaixadores de Sião, Os Cantores de Cristo, Novo Alvorecer, Som Maior, Vencedores por Cristo, e etc.

O Sonoros foi um dos pioneiros em muitos aspectos, como conseguir espaço em igrejas batistas nos anos 70 pra tocar bateria –  acreditem, era um grande desafio. Outra particularidade da banda era que eles faziam faixas  instrumentais ao som de solos de guitarra, piano ou sax. Isso era uma proposta nova! Também foi um dos primeiros a gravar versões americanas e o primeiro conjunto a TOCAR EM UMA FM POPULAR, isso em 1978. Além disso, foi o primeiro a ter reconhecimento em todo território nacional.
Quem viveu sabe: não tinha igreja que não cantasse “Doce Espírito’, “No Monte Calvário“, canções do seu primeiro e segundo trabalho. Mas o Sonoros viralizou mesmo com o LP Sonoros Especial. Sabe aquele disco em que TODAS as músicas se tornam sucesso? Este é o Sonoros Especial, lançado pela JUERP. O disco tinha na produção a assinatura de Otoni de Paula, irmão do cantor Ozeias de Paula, que havia acabado de lançar o estrondoso sucesso Viva Com Deus pelo mesmo selo. Com uma sonoridade trazendo a “bateria pra frente” (os discos evangélicos muitas vezes nem tinham bateria em suas gravações ou eram tímidas em suas execuções), o disco ficou mais atual e a indiscutível qualidade musical do conjunto teve seu destaque nos acordes de guitarra de  Jose Carlos de Oliveira Porto, nos solos de sa, na voz calma de Eliezer Maia ou nos arranjos incríveis do “nipe de metais” (marca registrada da banda). Na capa tinha uma novidade: além de ser prateada – o que era incomum na época um investimento gráfico neste porte – uma aba com a foto dos componentes (não era uma  capa dupla, mas uma engenhoca que servia pra fechar o disco. Outro disco que me lembro com o mesmo estilo foi o Quando Voltares, o Ozeias de Paula), mas não pára por aí. As canções e as letras eram poesias bíblicas, verdadeiros “salmos contemporâneos” que logo se espalharam pelos grupos de mocidades das igrejas de todo Brasil. Sair na rua carregando o esse LP era tirar onda e ser abordado por desconhecidos. Hits? Muitos! À Procura estourou rapidamente e virou hino de “apelo” nas igrejas; Apocalipse, com letra de profunda reflexão escatológica bíblica, se tornou uma “viagem de nuances” com o arranjo psicodélico de uma guitarra fazendo acordes sequenciais ao fundo, enquanto o destaque eram os sons tirados de vários instrumentos de  percussão, desde chocalhos a apitos, que nos remetia a uma implosão de pensamentos. Isso era muito novo, pois a música acordava e se transformava numa espécie de baião. Outro destaque era a canção Messias, em que todos cantavam juntos nas rodas de violão, enfim, um disco fenomenal.

Porém, nem tudo são flores. Um acidente automobilístico leva à fatalidade 4 componentes. Desestabilizada, a banda faz uma pausa e, após o luto e sob direção de Deus e resposta de oração, decidem retornar. Flavio Vieira Lima assina a capa  do álbum e continua lançando pela JUERP. Nele, o conjunto repete seus sucessos e apresenta lançamentos, como o seu maior hit Terra Prometida.

O Conjunto Sonoros nunca parou desde então e hoje relança seus álbuns, continua se apresentando com agenda aberta e promete um grande evento pra comemorar seus 50 anos.

Por Ledinilson de Souza