Relembre a Trajetória de Martin Lutero
O pernambucano Martin Lutero tinha um sonho ousado: ser o novo Elvis Presley. Apaixonado pelo estilo do seu ídolo, ele seguiu os passos de quem tinha uma meta . Chegou a se apresentar como cover do “rei do rock” e chamava a atenção não apenas pela voz, mas pela presença de palco. Um dia surge uma grande e valiosa oportunidade: se apresentar no Chacrinha, no Rio de janeiro Não pensou duas vezes e partiu para o Rio, mas o que ele não contava era com o alerta do seu pai: “filho, não faz isso, volta pra Jesus!” (temendo o provável sucesso do filho, seria mais difícil o regresso do filho a casa do Pai).
Tudo pronto, mala e cuia na mão, direção ao Chacrinha. Entretanto a voz do pai ressoava a cada passo e Lutero se viu em um grande conflito, acabando por se render a voz que se confundia entre a do seu pai e a do seu Pai do céu. Lutero faltou ao compromisso.
Flavio Vieira Lima era diretor da JUERP e diariamente havia um devocional nessa empresa quando foi surpreendido com um anônimo com uma voz muito interessante pedindo pra dar uma “palhinha”. O Pr Flávio Lima (hoje apresentador do programa Reencontro na Rede Brasil) ficou impressionado com o timbre do cantor e pediu ao colega Waldenir Carvalho (in memorian) que desse uma atenção ao cantor.
Logo surgiu o LP “Ponte Sobre Águas Turvas“, que teve o patrocínio inicial da sua esposa Donny, aeromoça, na época em que acreditava no talento do cantor. Com a produção do melhor Ringo Moraes, o disco trazia a versão clássica de Simion & Garfunkel , além de hits como “O Meu Senhor é Doce Como Mel” em um estilo rock anos 60 que fez sucesso entre os jovem pela ousadia. Maravilha De Ti remete ao estilo gospel de Elvis Presley. Vale a pena conferir o disco todo, porém Lutero avançava em seus projetos e Ringo Moraes assina o segundo álbum chamado Energia. A música que dá título ao disco é mais um rock 60 que se estabelecia como estilo do cantor, mas a canção que marcou a carreira surgia de forma inusitada: Pra Valer, uma canção que, segundo o cantor, veio pronta enquanto ele dirigia.O cantor parou o carro pegou papel e caneta e ficou cantando a música direto até chegar em casa pra não esquecer e enfim gravar no K7. Ele sabia que aquela era “a música”, um presente de Deus. Mas Lutero avançava, e desta vez Eliaquim Guilherme Morgado produzia pela Pioneira Evangélica (a gravadora mais maneira da época) o disco Estações e Samuel Ribeiro foi o maestro que produziu este disco épico. Samuel trouxe os melhores: Luiz Fernando (baterista do Sinal de Alerta), Pedro Braconnot (tecladista do Rebanhão), Beno Cesar (baixista da Banda e Voz) e, claro, o próprio Samuel nas guitarras. Uma curiosidade: pra fazer as guitarras de rock 60 com tanta excelência Samuel teve que se internar no quarto de música que havia no apartamento da Barra, onde Lutero morava. Ali, Samuel ouviu por horas vários discos de Lutero até entender a essência musical que ele desejava. Uma espécie de laboratório, e o resultado não poderia ser diferente. O disco saiu com uma linguagem musical muito diferente do que havia no mercado gospel. Aliás, outra curiosidade é que Lutero foi o primeiro cantor evangélico a usar o termo Gospel se referindo a música evangélica.
Lutero tem dificuldade de permanecer no mercado evangélico após as mudanças na indústria musical que ocorreram nos anos 90, mas ele avança e recebe um convite para cantar nos EUA. Lá, sente sua arte valorizada, se ficando em um rancho em Oklahoma, onde lança alguns trabalhos em inglês e se apresenta em algumas igrejas.
Falei com Lutero esta semana por telefone e ele me disse estar antenado com o Brasil e feliz com o retorno de várias bandas como Rebanhão, Sinal de Alerta, Conjunto Sonoros, Banda Rhema, Complexo J, Canto da Terra, Banda Fé, Renato Suhett, Wilson Santos, Semeando, e tantos outros.
Martin Lutero prepara uma viagem ao Brasil para se apresentar em algumas igrejas e eventos. Em breve, lançará um novo trabalho intitulado Isaías 40.
Aguardamos ansiosos.
Por Ledinilson de Souza