Lenilton: A Lagarta, o casulo e a borboleta
Por Lenilton Silva
Nunca fui e nem nunca serei contra o NOVO! O novo sempre vem e sempre existirá, porém se a gente observar nos compositores clássicos, barrocos, o novo, a evolução era clara e latente, como podemos observar na cronologia da música clássica: o período da música antiga, que inclui a música medieval (476 – 1400) e a renascentista (1400 – 1600), o período da prática comum, que inclui os períodos barroco (1600 – 1750), clássico (1730 – 1820) e romântico (1815 – 1910), e os períodos moderno e contemporâneo, que incluem a música clássica do século XX (1900 – 2000) e a música clássica contemporânea (1975 – presente). O problema de muitos “entendidos” de hoje é chamar involução de evolução apenas porque é novo!
Toquei trinta e dois anos na Banda Sinfônica da Força Aérea, da qual tive o prazer de ser contramestre e fazer parte de bancas examinadoras pra admissão de novos músicos. Entendam que três, quatro, cinco ou mais acordes não importa, o que importa é a lucidez, o bom gosto evolutivo e sóbrio.
Quincy Jones era um músico compositor, arranjador de Jazz, e foi o maestro preferido de ninguém nada menos do que Frank Sinatra, até que resolveu se aventurar na música pop e fez com três acordes o que muita gente não faz com dez! Vide Billie Jean com Michael Jackson. Agora já imaginou trezentos genéricos de Billie Jeans? Pois é. Preciso dizer mais alguma coisa? Estou falando de diversidade musical da boa, como era antes.
No corpo de Cristo a unidade se dá justamente pelas diferenças de membros. E trazendo isso pro meio musical, hoje todo mundo quer ser orelha no mesmo corpo, e com isso vai se reproduzindo a mesmice enfadonha musical. Ah, mas Deus não se importa com isso! Ah, não? Então será porque que Ele não criou só o homem? Por que criou raças, tribos e nações diferentes? Por que não criou só um tipo de animal? Só um tipo de peixe? Só um tipo de árvore? Pra que sol e lua? Pra que tanta diversidade na criação se Ele não se importa? Então, porque criou essa variedade enorme, sem fim, na música? Será que foi pra você usar apenas uma? É isso? E você oferece feijão todos os dias pra Ele e ainda tem a cara de pau de dizer que Ele não se importa? Vou dizer sem medo de errar: Ele não se importaria se você fosse incapaz, se Ele não tivesse lhe dado um cérebro pra pensar e criar, aí sim, ele não se importaria. Se você fosse mudo, Ele aceitaria apenas o seu sussurro. Se você fosse surdo, Ele aceitaria apenas seus gestos, mas você não é nada disso! Então não venham me dizer que Deus não se importa, pra justificar essa preguiça convenientemente involutiva, e a mesmice proposital mercadológica!
A beleza está em ser criativo, independente do que você tem nas mãos. O problema é que hoje, poucos querem criar, só imitar. Se alguém insistentemente imita ou copia alguém, o seu potencial sempre vai estar sujeito ao potencial do outro. Não estou falando de referencial saudável, mas de CÓPIA! Eu mesmo tenho um monte de referenciais: Lionel Richie, Chicago, Roupa Nova, Kool and Gang, Earth Wind & Fire, Bread, David Foster, Quincy Jones, Emílio Santiago, Luiz Gonzaga, Dominguinho, The Commodores, Michael Jackson, Carlos Gomes, Vila Lobos, Bethoven, Bach, Liszt, Michae Bolton, Tim Maia, Beto Guedes, 24 Bis, Guilherme Arantes, Roberto Carlos, Michael Sullivan, Whitney Houston, Eros Ramazzotti, Bee Gees, Air Suply, e etc.
Com um universo musical gigantesco desse, jamais ficaria preso musicalmente a uma só vertente, a uma só influência. Vou do clássico ao Rock sem medo de ser feliz! Se você tem apenas um referencial e o copia, nunca sairá do seu casulo e a lagarta nunca vai virar borboleta e voar livre com suas próprias asas, exibindo suas lindas cores! É disso que estou falando no meu texto. Nós temos muitos mais músicos qualificados hoje, devido o avanço da tecnologia do que na nossa época, porém, infelizmente, com algumas exceções, a criatividade anda em baixa e me parece um tanto escassa! Pensem nisso, certamente fará um bem enorme pra quem possa interessar!
Graça e Paz!